Publicado em: 19 de outubro de 2017
Representantes de diversos órgãos públicos federais participaram nesta quinta-feira (19) do primeiro dia de palestras e debates do IX Fórum Brasileiro da Atividade de Auditoria Interna Governamental, que acontece no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Promovido pelo Conselho de Dirigentes de Órgãos de Controle Interno da União (Dicon), o evento continua nesta sexta-feira (20).
Ferramenta de nivelamento
A primeira palestra do período da tarde, sobre “Modelos de avaliação da atividade de auditoria interna IA-CM”, foi proferida pela auditora de controle interno da Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) Liane Angoti. O Modelo de Capacidade de Auditoria Interna (IA-CM) foi criado entre 2006 e 2009 pelo Instituto dos Auditores Internos (IIA), sob promoção do Banco Mundial. O modelo de governança foi apresentado e detalhado em seu funcionamento.
O IA-CM discute e analisa as boas práticas de gestão, planejamento estratégico, gestão de risco e orçamento, entre outros pontos. Segundo Angoti, “a ferramenta traz os fundamentos para que uma auditoria interna atue de maneira efetiva, com resultados”. A avaliação do nível de maturidade da organização no modelo é feita a partir de uma escala de cinco níveis: inicial, infraestrutura, integrado, gerenciado e otimizado, nível que nenhum país ainda atingiu em sua plenitude.
A palestrante também enfatizou a importância de institucionalizar macroprocessos referentes a cada nível do modelo. Angoti ressalvou que, por se tratar de uma referência internacional, o padrão pede algumas adaptações.
“É importante lembrar que, por ser um modelo internacional referencial, existem particularidades no nosso país que precisam ser consideradas. Vamos particularizar para a realidade do Brasil e vamos dar capacitação e treinamento para que o servidor tenha condições de usar o modelo”, incentivou.
Referência nacional
Nas exposições de Boas Práticas, o controlador-geral do Distrito Federal, Henrique Moraes Ziller, descreveu as “Experiências da Implantação do IA-CM pela CGDF”.
“O que orienta a nossa atuação na CGDF é a busca desse modelo de excelência, de qualificação do órgão de controle interno que é o IA-CM”, explicou o palestrante. A implementação começou em 2015, com a capacitação dos servidores, estudo da ferramenta, adoção do modelo e identificação do próprio órgão nos níveis de avaliação.
Mediante a autoavaliação e os trabalhos realizados para a implementação, a CGDF recebeu um relatório do Banco Mundial em 2016. O documento identificou que mudanças precisavam ser feitas em relação às atividades de inspeção e auditoria.
“Na primeira fase, encontramos os auditores fazendo aquele trabalho de conforto e encontramos uma resistência enorme para aceitar mudanças. Havia um certo descolamento dos auditores da realidade da gestão”, relembrou. Para Ziller, “é preciso trazer esse profissional para perto das dificuldades que o gestor enfrenta”.
Depois do momento de resistência, o IA-CM entrou no plano estratégico da CGDF. Desde então, o modelo tem sido desenvolvido visando o avanço do órgão de maneira sólida.
“Vejo a cada dia um trabalho mais maduro. O nosso objetivo é atingir o nível quatro do IA-CM até 2019. Hoje, queremos nos posicionar como órgão referência no controle interno e procuramos disseminar essa experiência, porque entendemos que é uma excelente referência para a qualificação das ações de controle interno no país”, concluiu.
Auditoria contínua
O auditor do Centro de Controle Interno da Marinha (CCIMAR), capitão-tenente André Luiz Rodrigues, apresentou o modelo de auditoria contínua implementada na Marinha desde o ano passado.
A auditoria contínua consiste em uma técnica que realiza testes utilizando base de dados informatizada, mediante ferramentas de extração, análise e mineração de dados, com apoio na avaliação de riscos e controles internos. O modelo apresenta diversas vantagens, como redução de tempo e custo de deslocamento de equipes de auditoria e um maior número de auditorias realizadas. Outra vantagem é reforçar o ambiente de controle.
A auditoria contínua abrange a execução orçamentária e financeira, a folha de pagamento de pessoal, o patrimônio e os gastos com alimentação. Segundo André Luiz, “o método de auditoria contínua se caracteriza pelo efeito pan-óptico, que gera uma sensação de que o gestor está sempre sendo vigiado”, destaca.
Mais parceria
A coordenadora de auditoria do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Fernanda Costa Guimarães, apresentou a palestra “Auditoria é mais parceria”. O modelo apresentado tem como base aperfeiçoar o papel dos auditores, clarificando as funções e objetivos da auditoria interna, a fim de estabelecer relação característica de cooperação entre unidade auditada e auditores internos.
Foi citado também que estabelecer rotinas de trabalho acaba adicionando valor e melhorando os resultados prestados no tribunal. Em cinco meses de execução do projeto, já foram verificados diversos resultados, como a identificação de oportunidades de melhoria e a descoberta do papel da AI nas entrevistas com gestores. Outro avanço foi a melhoria da receptividade dos auditores internos pelas unidades auditadas.
Fernanda Costa explicou que a contribuição dentro do planejamento do TRE-BA aprimora a qualificação dos trabalhos de auditoria interna, pois o papel da auditoria é apontar erros e apresentar os respectivos culpados, saneando um risco apresentado.
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Fonte:STJnotícias