Publicado em: 1 de junho de 2018
Com 58 mil metros quadrados, o Parque Bosque dos Tribunais foi idealizado para ser uma Unidade de Conservação (UC) do cerrado e um espaço de convivência para os servidores dos diversos órgãos públicos da área e para a comunidade em geral. Apresentado nesta quarta-feira (30), o Plano de Manejo do Parque vai estar disponível durante os próximos 15 dias para receber críticas e sugestões da sociedade.
A apresentação do plano aconteceu no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em evento aberto pelo secretário-geral da presidência, Marcos Aurélio Brayner, que destacou os obstáculos enfrentados pelo projeto, em desenvolvimento há mais de uma década.
“A falta de conhecimento faz muitos pensarem que preservar uma área pequena e tão próxima do ambiente urbano não é importante, mas o plano apresentado nesta tarde prova o contrário”, afirmou.
A assessora-chefe de Gestão Socioambiental do tribunal, Ketlin Feitosa, disse que o parque foi criado oficialmente em 2009, por decreto do governo do Distrito Federal, mas as discussões para dar essa destinação à área começaram em 1996.
“Optamos por adotar um modelo de gestão compartilhada, entre o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tribunal Superior do Trabalho e vários órgãos do Distrito Federal. Será a primeira vez que esse modelo vai ser aplicado a uma UC no Distrito Federal”, esclareceu a assessora.
Segundo ela, o plano foi apresentado em uma oficina pública participativa, um espaço para ouvir a comunidade. “A partir desta sexta (1º), o plano ficará disponível no portal do STJ e dos outros tribunais superiores, e também na página do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que fez o levantamento da área”, informou.
Riqueza escondida
Na apresentação do plano, os técnicos do Ibram destacaram a existência de uma riqueza biológica surpreendente no parque. O coordenador de Áreas de Conservação do Instituto, Paulo César Magalhães, declarou a adequação do local para a criação de um parque múltiplo, além de promover a proteção ambiental e oferecer uma opção de lazer à população.
O arquiteto Pedro Braga Netto, auditor de atividades urbanas do Ibram, informou que foi realizado um relatório do clima, relevo, mapa de ventos e meio biótico. “A área é típica do cerrado, um tipo de savana, com um índice pluviométrico um pouco acima da média do DF pela proximidade com o lago. O solo tem base de ardósia e o relevo é plano, apresentando pouco risco de erosão”, explicou. Segundo ele, por essas características, a área é importante para a recuperação de lençóis freáticos. O solo de ardósia é mais permeável, e preservar a área seria útil para diminuir contaminações do Lago Paranoá.
Bioma importante
A engenheira do Ibram Ana Lira apresentou as características do cerrado, o segundo maior bioma do país, com mais de 12 mil espécies de plantas e animais e com diversos subtipos, como matas ciliares, cerradão e cerrado rupestre. Ela garantiu ser a área considerada um importante corredor ecológico para a região.
“Apesar disso, há pouca proteção legal para esses biomas. Por isso, preservar qualquer área é importante. Foram identificadas mais de 95 espécies vegetais, 98% delas nativas do cerrado, como sucupira, orelha de macaco, jatobá e ipê”, disse a engenheira.
O destaque são plantas leguminosas, de médio e pequeno porte, e também gramíneas. “Infelizmente, também identificamos algumas espécies invasoras, como a cana-do-reino, um tipo de planta que drena grandes quantidades de água e dificulta o nascimento de outras espécies. Mas existem também espécies nativas raras, como a sucupira preta, ameaçada em estados como Minas Gerais”, alertou.
Quanto à fauna, acrescentou Ana Lira, “conseguimos identificar 6% das aves nativas do Distrito Federal na área, como andorinhas, corujas buraqueiras, gaviões-carijós e até uma gralha-do-campo”. Além disso, foram encontrados vários tipos de insetos e pequenos répteis.
Liderança do STJ
O secretário de Gestão de Território e Habitação do Distrito Federal, Thiago Andrade, ponderou a importância do diagnóstico do plano de manejo feito pelo Ibram.
“O projeto deve ser factível e atender as necessidades da comunidade. O impacto que terá na região também deve ser levado em conta”, completou.
Segundo o secretário, depois de concluídas as sugestões, começarão as licenças para preparar a infraestrutura do parque. Ao final, ele elogiou o trabalho dos profissionais do Ibram e a liderança do STJ no processo.
Confira a íntegra do relatório para o Plano de Manejo.
Fonte:STJnotícias