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» SINDJU lança Coletivo de Negras e Negros para combater desigualdades raciais no Judiciário

Publicado em: 6 de dezembro de 2024



Ação marca o mês da Consciência Negra e promove reflexões sobre racismo estrutural, inclusão e visibilidade da população negra no sistema de justiça

Em um marco histórico para a categoria, o SINDJU lançou no último dia 28 de novembro o Coletivo de Negras e Negros, iniciativa que busca enfrentar as desigualdades raciais presentes no sistema judiciário e oferecer um espaço de escuta e protagonismo para servidores e servidoras negras. O evento, realizado no mês da Consciência Negra, contou com a presença de Peter Silva, advogado, especialista em questões raciais e Presidente da Comissão de Igualdade Racial da  OAB Pará; além de inúmeros servidores e servidoras que compartilharam vivências e reflexões sobre racismo estrutural, invisibilidade e a urgência de promover a igualdade racial.

A presidenta do SINDJU, Danyelle Martins, abriu o encontro ressaltando a importância da criação do coletivo em um ambiente onde servidores negros são uma minoria. “O judiciário reproduz preconceitos e violências contra a população negra, e muitos de nós vivenciamos essas situações no cotidiano. Este coletivo é um espaço para nos reconhecermos, trocarmos experiências e fortalecermos a luta por justiça e igualdade dentro do sistema”, afirmou.

Dados recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apresentados no encontro indicam que menos de 15% dos juízes e apenas 27% dos servidores do judiciário se autodeclaram negros. Para Silva essas estatísticas evidenciam o racismo institucional presente na estrutura judiciária brasileira. “O racismo estrutural no Brasil é alimentado pelo mito da democracia racial, que nega as barreiras enfrentadas pela população negra. A criação deste coletivo é um passo fundamental para trazer visibilidade e pautar a inclusão nos espaços de poder”, destacou.

Uma servidora – cuja identidade será protegida – que ingressou no TJPA ainda jovem, compartilhou experiências marcantes de discriminação e resistência. “Passei por situações como blackface em festas, além de hipersexualização em ambientes de trabalho. Isso afetou minha saúde mental e minha produtividade. É muito importante termos esse coletivo, um espaço que dá voz à nossa realidade e ajuda a transformar o sistema”, declarou.

Outro participante relembrou episódios de racismo enfrentados ao longo da vida e destacou a necessidade de ações educativas. “No Judiciário, senti na pele o que é ser invisibilizado. Lembro de um colega que foi insultado pelo cabelo e como esse tipo de violência cotidiana afeta nossa autoestima. Precisamos de espaços como este para debater e propor mudanças efetivas”, afirmou.

Outro ponto central do debate foi a relevância de reconhecer e valorizar a diversidade na formação da identidade brasileira. “O Brasil é o segundo país com maior população negra no mundo, mas essa maioria é sistematicamente excluída dos espaços de poder. Precisamos combater esse apagamento histórico e garantir que nossa presença seja respeitada e valorizada”, destacou outra participante do coletivo.

O lançamento do coletivo também foi uma oportunidade para discutir caminhos concretos de transformação. Entre as sugestões, destacaram-se a proposta de criação de protocolos institucionais que valorizem a diversidade, campanhas educativas para combater o racismo institucional e o fortalecimento de políticas afirmativas no Judiciário. “Além de garantir a representatividade no sistema de justiça, precisamos de ações contínuas para educar e conscientizar a sociedade sobre a importância de uma cultura antirracista. Essa é uma luta que precisa ser abraçada por todos”, reforçou Peter Silva.

O evento terminou com um apelo à união de todos os trabalhadores e trabalhadoras para o fortalecimento da luta antirracista. O SINDJU reafirmou seu papel como representante da categoria, comprometendo-se a avançar nas pautas de igualdade racial e inclusão.

Em paralelo ao lançamento do Coletivo de Negras e Negros, o SINDJU vai participar de uma feira organizada pelo CEDEMPA – Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará, que será realizada no Fórum Criminal em Belém e terá como tema central a valorização da cultura afro-brasileira, reunindo empreendedores e empreendedoras negras. Na feira serão vendidos produtos que celebram a ancestralidade e a cultura negra, como camisas, vestidos, artesanato, quadros, bijuterias e livros, entre outros itens que destacam a riqueza da cultura afro-brasileira. “Essa ação visa divulgar e valorizar a cultura afro, reforçando a importância da presença negra em nossa sociedade. O SINDJU apoia iniciativas que promovem a visibilidade e o fortalecimento dos empreendedores negros, e esta feira é uma forma concreta de celebrar a influência da cultura negra no Brasil”, afirmou Wbirajara Silva, diretor do SINDJU.

O evento, além de promover a valorização dos produtos e serviços de empreendedores negros, visa sensibilizar servidores e jurisdicionados sobre a importância da inclusão e do respeito à cultura afro-brasileira. Importante destacar que o SINDJU solicitou ao TJPA a liberação do auditório do Fórum Criminal para a realização da feira, como forma de reafirmar seu compromisso com o avanço das pautas de igualdade racial e inclusão. Juntos somos gigantes.


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